Metade dos brasileiros teve de fazer bico para compor renda nos últimos 12 meses
Pesquisa do Instituto Cidades Sustentáveis mostra que 45% dos brasileiros entrevistados precisou fazer algum bico para compor a renda nos últimos 12 meses. Desse grupo, a maioria (13%) fez faxina e serviços de manutenção, os conhecidos “maridos de aluguel”. Em segundo lugar (8%) aparecem aqueles que começaram a cozinhar para fora, produzindo marmitas para vender. A venda de roupas e outros artigos usados foi uma estratégia adotada por 6% dos; serviços de beleza, por 5% e outros 5% apelaram à revenda de cosméticos.
A pesquisa mostrou também que essa necessidade de fazer algum tipo de bico para ajudar a compor a renda foi maior entre as famílias com renda até um salário mínimo e que se declaram evangélicos.
Foram entrevistadas 2 mil pessoas com 16 anos ou mais em 128 municípios distribuídos em todos os estados, contemplando todas as regiões brasileiras. Esse percentual de 45% corresponde a 76.216.569 pessoas. A necessidade de complementar a renda maior nas regiões Norte e Centro Oeste, com 16% das respostas afirmativas, seguida do Sudeste, com 13%, Nordeste, com 11% e Sul, com 9%.
Aumento da pobreza e da fome
A pesquisa detectou também percepção da população quanto ao aumento da pobreza e da fome no país. Quase metade (47%) dos entrevistados disse ter visto ou conhecer pessoas com dificuldades para para comprar alimentos. Essa percepção é ainda maior entre os entrevistados residentes nos estados do Sudeste, capitais, periferias metropolitanas e, por consequência, municípios com mais de 50 mil habitantes.
Como mostra o destaque a seguir, 34% dos entrevistados percebem o aumento da população em situação de rua, 29% repararam mais pessoas trabalhando nas ruas, nos sinais de trânsito. E o aumento de barracos, favelas e áreas ocupadas foi percebido por 17%.
Padre Júlio e combate à desigualdade
A pesquisa questionou os entrevistados também sobre preconceito. Para 75% dos entrevistados, há diferença de tratamento entre pessoas negras e brancas, principalmente em shoppings, cinemas, supermercados, farmácias e outros estabelecimentos comerciais, escolas e faculdades, conforme 38%. Locais de trabalho foram lembrados por 36%, ruas e espaços públicos por 29% e transporte público por 26%.
De cada cinco entrevistados, três já ouviram falar ou já viram alguém sofrer preconceito em função de sua orientação sexual ou identidade de gênero. A maior vulnerabilidade, segundo essas pessoas, está nos espaços públicos.
“Essa questão é importante. Mas como estamos em tudo isso? Nâo podemos ser conhecedores neutros, que conhecemos e temos mais um dado acadêmico. Esses dados têm dramaticidade muito grande, mas tem de ter compromisso muito grande de luta, com compromisso de estar junto com nosso povo. Temos de mostrar a desigualdade e lutar contra ela no micro e no macro”, ponderou o padre Júlio Lancellotti, em debate que sucedeu ao anúncio do resultado da pesquisa, que contou com da pesquisadora e professora de Serviço Social da PUC de São Paulo, Aldaíza Sposati.
Como lembrou o religioso, que sugeriu a que a população de rua também fosse ouvida em pesquisas de opinião, o que contrapõe a desigualdade é a equidade. “E a política pública não é equânime, de dar a cada um o que cada um precisa. Em São Paulo se enxerga mais a fome, mas a população de rua não tem acesso à água potável. Vai passar no Congresso alguma política que acabe com privilégios do
Judiciário, dos militares? Mas é a desigualdade que mata”
Confira a íntegra do anúncio dos resultados da pesquisa:
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Fonte: Rede Brasil Atual
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