Servidores federais discutem greve unificada por reajuste salarial
Servidores públicos federais de diversas categorias reúnem-se, nesta quarta-feira (29/12), para discutir maneiras de pressionar o Palácio do Planalto por reajuste salarial. De acordo com entidades representativas do funcionalismo, estarão em pauta a realização de uma greve geral unificada e a paralisação conjunta de um ou dois dias, para pressionar o governo a ampliar o diálogo sobre os contracheques das carreiras federais.
Na semana passada, o Congresso Nacional aprovou o Orçamento da União 2022 prevendo R$ 1,7 bilhão para reajuste dos salários de policiais federais. A reserva poderá beneficiar servidores da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Federal (PF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). A notícia incomodou as demais carreiras do funcionalismo federal.
Por meio de comunicado oficial, o Fórum dos Servidores Federais (Fonasefe) informou ser possível que uma paralisação geral comece em breve. “Ela pode se iniciar antes da data do retorno do recesso parlamentar, em 2 de fevereiro de 2022”, diz o texto. O grupo reúne entidades representativas de diversas carreiras públicas.
Funcionários da Receita Federal já estão de braços cruzados. O Sindicato Nacional dos Auditores da Receita (Sindifisco) estima que 738 servidores em postos de chefia já abriram mão de cargos comissionados, o que representaria 93% dos chefes de unidades do país, de acordo com a entidade. A classe protesta contra os cortes no orçamento da Receita.
Subordinados ao Ministério da Agricultura, auditores federais agropecuários adotaram a operação-padrão na última segunda-feira (27/12). A categoria é responsável por inspecionar produtos agropecuários, como alimentos, em portos e aeroportos, e reivindica correção salarial e realização de concurso público para reposição do quadro de servidores.
O reajuste previsto para policiais também passou a ser alvo de queixas de servidores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do Banco Central (BC), entre outros.
Caso a negociação para o aumento não avance, algumas categorias já estudam recorrer à Justiça, sob o argumento de que o reajuste precisa ser linear, ou seja, similar ao concedido para os policiais.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, no entanto, já sinalizou que mudanças nas folhas de pagamento de diversas categorias do funcionalismo poderiam impactar a economia do país. O chefe da pasta econômica enviou, no último domingo (26/12), um texto ao presidente Jair Bolsonaro, a colegas da Esplanada dos Ministérios e a integrantes de sua equipe econômica no qual se posiciona contra os reajustes. Trechos foram divulgados pela coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo.
Segundo o ministro, “quem pede aumento agora não quer pagar pela guerra contra o vírus” e “está dizendo: ‘já tomei minha vacina, agora quero reposição de salário, não vou pagar pela guerra ao vírus’”. Ele defende que os reajustes precisam ser reforçados por uma reforma administrativa anterior: “Sem isso, reajuste geral para o funcionalismo é inflação subindo”.
Guedes insiste que a reestruturação das carreiras federais é a melhor solução, “melhor ainda se dentro de uma reforma administrativa”, que cortaria “R$ 30 bilhões por ano e, assim, poderia aumentar 10% dos salários do funcionalismo após a reforma”.
Ele comparou o possível aumento à tragédia de Brumadinho: “Temos de ficar firmes. Sem isso, é Brumadinho: pequenos vazamentos sucessivos até explodir barragem e morrerem todos na lama”.
Fonte:Metrópoles (Taliya Laurino)
Noti-América/Brasil
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