Renan Calheiros troca farpas e bate-boca com bolsonaristas na CPI
A votação de requerimentos para o plano de trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito(CPI) da Pandemia gerou troca de farpas e bate-boca entre senadores governistas e o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL). A base aliada do governo insistiu na votação em bloco dos pedidos de informação. Isso porque, como é minoria no colegiado, ela teria dificuldade de obter vitórias em cada um deles. Renan defendia que os requerimentos fossem analisados um a um, o que favoreceria a oposição.
A divergência provocou uma discussão entre Ciro Nogueira (PP-PI) e o emedebista. “Não vamos transformar esta comissão numa batalha eleitoral, política. Se algum dos senhores tem problemas a ajustar nos seus Estados, precisa ter fato determinado para isso”, argumentou Renan. Nogueira reagiu: “Todos [os requerimentos] têm fato determinado. O senhor está com medo de aprovar os requerimentos de informação, eu creio que é isso que o senhor está mostrando”.
Em seguida, Renan ironizou a “tropa de choque” formada pelo Palácio do Planalto. “O que eu sei, pelo tempo que estou na Casa, é que essa coisa de tropa de choque, de pegar senadores novos, com carinha de novos, para vir aqui defender coisa indefensável do governo… isso não vai passar”, afirmou. O vice-líder do governo no Congresso, Marcos Rogério (DEM-RO), interveio: “Afaste seu ódio, senador”.
Além disso, Renan demonstrou contrariedade com o fato de parlamentares governistas terem entrado com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para retirá-lo do cargo de relator da CPI. “Eu nunca vi tropa de choque recorrer ao Supremo Tribunal Federal. Tropa de choque é tropa de choque. Recorrer ao Supremo…”, ironizou. “Essa [tropa de choque] é a primeira que recorre ao Supremo Tribunal Federal numa questão já decidida. Isso nunca deu certo em lugar nenhum”, enfatizou.
Por conta dos desentendimentos, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) teve de encerrar a sessão por 30 minutos. No intervalo, foi construído um acordo para que o colegiado aprovasse todos os requerimentos de informação de forma simbólica, como desejavam os governistas. Ficaram de fora, no entanto, os pedidos de convocação de autoridades, como governadores e prefeitos.
Fonte: Valor Econômico
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