Real tem pior desempenho do mundo com agravamento da pandemia minando perspectivas
Com o rali de hoje, o dólar zerou as perdas acumuladas desde a semana passada, quando o BC elevou os juros em ritmo mais forte que o imaginado
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar saltou 2,20% nesta quarta-feira e registrou a maior alta diária em seis meses, voltando a ficar acima de 5,60 reais, num movimento puxado pela piora da percepção de risco relacionado ao Brasil à medida que a pandemia explode no país e ameaça a perspectiva de retomada econômica e de debate sobre reformas.
O Morgan Stanley rebaixou a previsão de crescimento da economia brasileira de 4,3% para 3,5% em 2021, citando impactos justamente do agravamento da crise sanitária, além da persistente incerteza fiscal e, agora, inflacionária.
Com o rali desta sessão, o dólar zerou as perdas acumuladas desde a semana passada, quando o Banco Central surpreendeu ao elevar os juros em ritmo mais forte que o imaginado.
O dólar à vista fechou esta quarta cotado a 5,6380 reais na venda. A alta de 2,20% é a mais forte desde 18 de setembro de 2020 (+2,77%).
A moeda mostrou grande oscilação entre a mínima (5,491 reais, queda de 0,47%) e a máxima (5,6435 reais, ganho de 2,30%).
Mas a menor cotação do dia foi registrada logo no começo do pregão. Já na sequência, o dólar entrou numa gradual e estável rota ascendente, alcançando os picos intradiários já perto do encerramento dos negócios no mercado à vista.
“Existe um incômodo com fiscal, dívida e a pandemia em aceleração”, disse Joaquim Kokudai, gestor na JPP Capital. “A percepção do estrangeiro em relação ao Brasil realmente está ruim”, completou.
Evidência disso, segundo o gestor, foi mais um dia de salto nas taxas de juros dos contratos de DI da B3, que chegaram ao fim da tarde em altas de até 30 pontos-base.
A inclinação entre os DIs janeiro 2027 e janeiro 2023 –uma medida de percepção de risco– saltou a 212,5 pontos-base nesta quarta, de 201 pontos-base da terça e bem acima do nível de 170 pontos-base do dia 18 de março, quando o prêmio de risco na curva caiu após o BC elevar inesperadamente a Selic em 0,75 ponto percentual, para 2,50% ao ano.
Fonte: Infomoney
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