Entra em vigor Lei mais rígida para barragens de mineradoras
Regras para as barragens de mineradoras deverão cumprir mais normas de segurança. Multa pode chegar a R$ 1 bilhão.
A Lei 14066/20, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro com dois vetos, proíbe o uso de barragens construídas à montante, como no caso de Mariana e Brumadinho, e prevê multas de até R$ 1 bilhão para as empresas que descumprirem as normas. O infrator também pode perder os direitos de exploração mineral ou de benefícios fiscais concedidos.
Um dos vetos rejeita a destinação das multas para a melhoria dos órgãos fiscalizadores. Para o Ministério da Economia, a medida é contrária à legislação fiscal atual, já que vincula receitas sem estabelecer data para o fim da vinculação.
O outro veto impede a exigência de garantias de pagamento em caso de acidentes provocados por barragens de acumulação de água classificadas como de alto risco. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional, os entes públicos são os principais responsáveis por esse tipo de barragem para abastecimento humano e controle de cheias. Dada a crise fiscal, a exigência de garantias daria menos flexibilidade aos governos. Em contrapartida, o Executivo esclareceu que na ocorrência de desastres, já existe no Poder Público a obrigação de reparar os danos.
De acordo com a nova lei, as mineradoras terão até fevereiro de 2022 para desfazer as barragens a montante.
Já em caso de barragens de rejeitos de mineração, agora é obrigatório um Plano de Ação Emergencial que deverá ser apresentado à população local antes do início do primeiro preenchimento do reservatório da barragem.
O relator da CPI de Brumadinho na Câmara, dep. Rogério Correia (PT-MG), destaca o trabalho da comissão parlamentar e dos movimentos sociais para aprovação da proposta. “Foi um período de trabalhos e lutas intensas, tanto do parlamento quanto da sociedade civil, a exemplo do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)”, diz o deputado. “Esta nova lei, agora sancionada e publicada, inegavelmente nos traz satisfação e sensação de dever cumprido, embora muito ainda precise ser feito.”
Na oportunidade, o parlamentar continua e faz duras críticas ao presidente: “ Até porque Brasília há um obstáculo já conhecido para o meio ambiente e os diretamente atingidos pela ação depredatória das grandes mineradoras: o próprio presidente da República Jair Bolsonaro. Ele já mostrou a que veio nessa área, com omissão e incentivo às queimadas no Pantanal e Amazônia. No início desta semana, avançou sobre as praias, permitindo a especulação imobiliária no litoral. E também esta semana anunciou o Programa de Mineração e Desenvolvimento (PMD), que abre espaço para a exploração econômica e a mineração em terras indígenas”.
Noti-América/Brasil
Edição de Grace Maciel
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